Semana da Arte Moderna:
Diário
Lá estava eu em São
Paulo, na “flor” da idade e ainda começando a vida, ano de 1922 que estava
apenas começando mas que aguardava várias emoções; Fevereiro dizia o convite
que tinha em mãos, seria a Semana da Arte Moderna intitulada como a tão
esperada “Semana 22”, só sabíamos que era um grande evento e que surgiu com a
ideia da independência cultural brasileira e neste evento estariam presentes
grandes artistas da época, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Villa-Lobos,
Oswald de Andrade entre outros destaques.
Chegou
o grande dia, Teatro Municipal lotado, todos ansiosos para descobrir a tal
semana 22. Já na leitura de um poema de nome Os Sapos o clima mudou, o poema de
Manuel Bandeira foi declamado por Ronald de Carvalho, ou melhor a tentativa do
mesmo ser declamado, pois os presentes assim como eu, achamos ridículo de princípio,
sem rimas, sem todo o “clima poético” e vaiamos sem dar a oportunidade de seu
término. Mas os rompantes modernistas não pararam por aí, nesses três dias de
eventos poderiam voltar a ocorrer. Dia 17 da Semana 22, esperava pela
apresentação musical de Villa-Lobos, para minha surpresa e para os demais
presentes, ele se apresentou calçando em um pé um sapato, e em outro um chinelo,
como é de se esperar gerou revoltas e desentendimentos pois tudo acabou se
originando por causa de um calo. Como desde o início, a semana estava
incompreendida, fomos surpreendidos pela notícia de que Monteiro Lobato negou -se
a participar do evento por ter ideias estrangeiras ou quem sabe temia que
acabassem com o sentido das obras até então padronizadas, e assim encerrava-se a
semana de 22.
Após
fechar o diário escrito a 94 anos por minha vó, tenho uma noção do quão
incompreendida foi a Semana de Arte Moderna para a época, mas que mal se
esperava que se tornasse fundamental
para a nossa cultura atual, tudo isso me levou a querer viajar no tempo para
poder viver esta semana...
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