quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Textos selecionados para Olimpíada da Língua Portuguesa, Artigo de Opinião e Crônica


O Artigo de Opinião  "O Silêncio da Dor" de Eliane Vanessa  Colita  nos levou até a Etapa Semifinal em Belo Horizonte, e a crônica " Querido Barranco" de  Luiz Gustavo A. Pereira foi até a etapa estadual:



O silêncio da Dor
Situada no extremo norte do estado de Santa Catarina, Porto União é uma cidade que vem se desenvolvendo rapidamente. É comum vermos a construção de muitos edifícios, um grande terminal rodoviário foi finalizado, boas escolas com altos padrões de ensino, um lugar tranquilo, ótimo para se viver. Porém, um problema visível e grave rodeia a cidade, problema este que já faz parte da sociedade brasileira, mas não era comum aqui em Porto União: o problema inquietante da dependência química entre crianças e adolescentes.
Segundo dados do CAPS do município (Centro de Atenção Psicossocial) que realiza atividades de resgate para jovens que buscam tratamento para deixar o vício, o número é de três homens e duas mulheres entre 15 e 20 anos em tratamento no município, no momento. Um número baixíssimo que não indica a realidade de usuários nas ruas que sem dúvidas é centenas de vezes maior. O Sistema Único de Saúde (SUS) de Porto União não faz um controle específico de entrada de pacientes nessa faixa etária dependentes de álcool e drogas buscando atendimento; portanto, não se tem uma porcentagem exata de complicações pelo uso de entorpecentes entre jovens na cidade.
De acordo com a funcionária do CAPS, Sandra Martini de Lima, “é necessária uma campanha para que os jovens procurem o CAPS para tratar-se. Ressaltou ainda que a prevenção e o tratamento de crianças e adolescentes que usam algum tipo de entorpecente é muito complexo, pois na idade dos 12 aos 20, o jovem acha que “com ele nada vai acontecer”, que usando algumas vezes não se tornará dependente de droga. Outro agravante é a dificuldade de lidar com jovens no sentido de encontrar algo que chame sua atenção ou que os faça gostar do tratamento para não abandoná-lo, e também que não se deve culpá-los pela dependência”.
É lamentável ver nas ruas da cidade crianças com seu corpo ainda em formação manchando sua inocência e adolescentes deixando de frequentar a escola, destruindo o caminho, destruindo sonhos com as drogas, fato hoje comum nas ruas e clubes do município. A ajuda é necessária para que o futuro desses jovens não seja de dor com as diversas consequências que o uso das drogas causa.
Em primeiro lugar, é essencial a reestruturação familiar. Com a modernização da sociedade, os pais estão cada vez mais ausentes na vida dos filhos, não procuram saber se o filho vai bem na escola ou quais são as suas companhias. Muitas vezes, não dão ao menos um abraço ou a chance de uma conversa. Esse problema é nacional. Outros fatores são a falta de informações sobre o resultado do uso e a demora na procura por atendimento especializado.
Enfim, devemos mudar nosso pensamento, pois temos um grande problema. Mesmo vivendo em uma cidade pequena, é preciso enfrentá-lo, é preciso remover os obstáculos a nossa volta, fortalecer o diálogo. Assim, a população conhecerá os efeitos das drogas e os adolescentes terão armas para defender-se desse mal. Não devemos deixar que o silêncio dessas crianças e desses adolescentes ecoe em nossos ouvidos. ( Eliane Vanessa Colita aluna da 2ª série 4 da EEB Cel Cid Gonzaga- Porto União SC)
Querido barranco
Final de tarde em Porto União, o sinal significa que estamos livres da escola, o portão principal é nosso ponto de encontro. Todos reunidos partimos rapidamente em direção a nossas casas, apenas um breve oi, joga-se a mochila em cima da cama, tira-se o uniforme, veste-se o calção, chinelo e retira-se debaixo da cama a bola, velha, murcha, faltando alguns “gomos”, porém o mais importante é a diversão. Todos prontos subimos até o famoso barranco, um campinho de terra com duas traves de madeira e muitas histórias. Os dois times já separados fazem a bola rolar, dentre risos, gritos e gols, surgem algumas brigas, que servem apenas para deixar o jogo mais divertido. O que menos importa é o placar, o que vale é a diversão. Enquanto a gente joga nem percebe que o tempo passa, que o sol está se pondo e nosso tempo acabando. Quando o sol desaparece e a escuridão toma conta, paramos diante a impossibilidade de se ver a bola e assim por mais um dia a lua surge para dar apito final a nosso jogo. Vamos embora já com o pensamento no dia seguinte, não sabemos se amanhã as máquinas não terão invadido nosso querido barranco, pois os lotes estão todos vendidos então esse sim seria o apito final definitivo a este espaço que já divertiu três gerações. ( Luiz Gustavo A. Pereira)

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