O LOBO E O CORDEIRO Na límpida corrente de um ribeiro Mata a sede um cordeiro. Chega um lobo em jejum que a fome atiça, A farejar carniça. “Ousas turvar-me as águas, malcriado?” (Uiva o lobo irritado). “Rogo, senhor, a Vossa Majestade, E com toda a humildade, Que não se zangue com seu pobre servo; Pois, respeitoso, observo Que embaixo e no declive estou bebendo, E a água vem descendo.” “Turvas (retruca o bárbaro animal): Demais, falaste mal, Há seis meses, de mim.” “Não é verdade; Conto só três de idade; Não tinha inda nascido.” “Pois então Falou um teu irmão.” “Não o tenho”. “Foi um dos teus parentes, Que me têm entre dentes; E eu vingo-me de vós – cães e pastores, Que sois tão faladores.” Disse, e sobre o cordeiro se despenha E o conduz para a brenha, Onde o come do mato no recesso, Sem forma de processo Quando a razão do mais forte predomina Esta fábula ensina... |
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
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